Já aos 13 anos, Ana Maria começou a trabalhar, e aos 14 anos passou a trabalhar na Cerâmica São Caetano até se casar aos 18 anos. Passou por diversos empregos até saber sobre uma vaga no IMES para trabalhar como faxineira. Ao ingressar no IMES ficou 10 anos na limpeza, depois sete anos na copa. Atualmente (2018), trabalha na recepção da reitoria. |
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Pergunta:
Então, começa por favor falando seu nome completo, o local e a data de nascimento.
Resposta:
Meu nome é Ana Maria Orvatti de Oliveira, nasci aqui em São Caetano, dia dez do nove de cinquenta e três.
Pergunta:
Certo. Conta pra gente como foi sua infância, como foi essa infância em São Caetano.
Resposta:
Minha infância foi boa, de moleque, porque aqui tinha um monte de barro, montanhas, que eram aqui da Cerâmica São Caetano, então a gente brincava lá. Eu, meus irmãos, meus amigos, nós brincávamos, soltávamos os pneus e brincava com pneu, eu era moleque, com pneu, bolinha de gude, essa foi nossa brincadeira. Depois foi a escola, escola também foi toda aqui em São Caetano. Estudei no Bartolomeu. Foi minha escola da primeira série até a quarta. Fui crescendo, fui adulta, minha primeira firma foi até de menor, não podia ser registrada, tinha treze anos, trabalhei numa firma de cobertores. Depois fiz quatorze anos, fui pra Cerâmica São Caetano, fiquei aí dois anos e pouco, depois me casei, tive meus filhos, e aí já foi ficando grande, e eu sempre trabalhei na área de limpeza doméstica, na casa das pessoas. Depois de muito tempo que aí, depois da praia grande, que eu fiquei quatro anos lá, trabalhando lá, criando meus filhos, e com a minha mãe também, meu irmão que estava doente, então naquela época fui pra lá por causa disso. Por causa do meu irmão e dos meu filhos que eram pequenos, a minha mãe me ajudava, também porque eu era separada, então a minha mãe me ajudava bastante. Depois minha cunhada me arrumou aqui, 1986, aí fiquei até agora, estou até agora aqui, faz 32 anos que estou aqui. Amo aqui. Não sei se as pessoas gostam de mim, mas eu gosto de todos que passaram, e todos que ficaram aqui também. Tem alguns que a gente pega no pé, mas faz parte. Mas eu amo a faculdade e amo o que eu faço. Eu comecei no servente, aprendendo a fazer o café primeiro, para todas as pessoas que trabalhavam, depois eu fui limpar o banheiro das meninas, que eu amava limpar o banheiro, ficava lindo maravilhoso, brilhante, hoje não, é decepção, mas eu sempre gostei do meu serviço, depois fui limpando os departamentos, diretoria, que não havia reitoria, era diretoria, departamento pessoal, compras, secretaria técnica, e assim por diante nos departamentos que tinha aqui na faculdade. Tinha e temos. Aumentando cada vez mais, mas isso é bom pro progresso, agora nossa faculdade é uma universidade, tive o prazer de ver essa evolução, e depois de um tempo voltei a trabalhar na copa, acho que por uns 6 anos na copa, e hoje eu to na reitoria, sou a recepcionista da reitoria, e eu to aqui com meus amigos, tocando essa vida aqui, eu gosto muito daqui, se eu não gostasse, acho que a pessoa tem que gostar do que faz, pois gostando do que faz você faz bem feito, com amor. Sou recepcionista. Fico de cara feia, mal humorada? Os alunos vem bravos, nervosos... Calma o que aconteceu? Ah, isso faz parte, aí eu vou levando, dou uma risada, até o reitor aparecer o aluno ta mais calmo, pelo menos eu pretendo fazer assim até meu último dia aqui. Cuidar bem dos alunos, que os alunos são terríveis. Tem alguns que são bonzinhos, mas tem alguns que são terríveis, mas faz parte. Eu amo trabalhar aqui.
Pergunta:
Que bom. E aí voltando um pouquinho lá na sua infância, como que era um pouco da sua família? Quantos irmãos?
Resposta:
Éramos em três. O caçula faleceu. Tinha problema com bebida, nunca ouviu[5']. Com 33 anos ele faleceu. Então agora só tem eu e meu outro irmão, que também bebe. A única que não bebe sou eu, só bebo água. Meu pai também tinha problema de vida, então isso foi uma coisa puxando a outra. Minha mãe sempre trabalhou, sempre trabalhou de faxina. E quando eu era pequena, minha mãe levava a roupa pra fora, então eu ia buscar as roupas, levar as roupas, ajudar, na minha casa antigamente não era água encanada, era poço, então tinha que ajudar a puxar a água, fazer o tanque, uma vez eu levei uma cacetada, fui levar o balde e puxar, e esqueci, aí soltei. Aí bateu na minha cabeça, mas não fez nada, pois ainda estou funcionando. Só fez um galo, mas o resto foi tudo bem. Meu pai sempre foi assim, com pouca gente, sempre brigando, na boca do meu pai quando bebia ninguém prestava, só ele. Os amigos eram bons, a família não, mas era parte do que a gente teve que passar. Na fase de crescimento foi bailinho, festa em casa porque não podia sair, era rígido. Vai no baile hoje não pode sair amanhã. É sábado ou domingo, então preferia sair no sábado, que era meu melhor dia pra sair, e o resto era só ficar em casa, estudar e ficar em casa, e quando eu trabalhava também era rígido. Lembro que eu trabalhava, pegava meu dinheirinho, dava tudo na mão da minha mãe, era tudo contadinho. Quando eu comecei a trabalhar, a primeira coisa que eu comprei pra minha mãe foi uma enceradeira. Depois comprei cama pra gente, porque eu era a mais velha, e sempre ajudei em casa, então sempre a mais velha, coitada, acaba pagando por tudo. Mas faz parte. Essa é minha vida, depois que me casei, tive meus filhos, me decepcionei, mas tenho meus filhos, meus netos, meu bisneto que eu amo, lógico que eu amo meus filhos, depois meus netos e depois o bisneto. Mas minha vida é uma benção. Só sinto muito por estar aqui assim desse jeito, não podendo fazer o que quero por causa do meu problema de saúde. Eu vou levando numa boa o resto.
Pergunta:
E a escola, como é que foi esse período?
Resposta:
Foram só 4 anos que eu pude estudar, tive que trabalhar pra ajudar minha mãe. Então ficava indecisa, hoje estudar ou trabalhar. Então tive que sair pra trabalhar pra ajudar meus pais.
Pergunta:
E com quantos anos você saiu da escola pra ajudar seus pais?
Resposta:
13 anos, 13 anos.
Pergunta:
E foi para ir na fábrica de cobertor?
Resposta:
Isso, isso foi, pois quando eu fiz catorze fui pra Cerâmica, e fiquei até eu me casar. Na escola era bom. Brincava, estudava. Na escola que eu fiquei mocinha, eu não sabia de nada pois minha mãe nunca explicou nada pra gente, hoje em dia tem tudo explicado. Aí eu cheguei a assustar, falei pra tia: "Tia, me machuquei." Aí ela falou que não, que era normal, e pra eu ir falar com minha mãe quando chegasse em casa que ela explicaria tudo. Eu falei: "Minha mãe trabalha, ela só vem de noite." Eu, naquela época, não sabia de nada. Ai quando ela chegou serviço eu contei o que aconteceu. Aí ela falou "É normal mesmo, todo mês é assim, assim, assim." Não tinha absorvente, tinha que ser paninho, me ensinou a lavar, etc. e ai foi passando, foi se aperfeiçoando mais, as gerações, foram aparecendo mais coisas, mas na minha época era bem mais difícil. Minha mãe nunca me explicou como era aquilo, aquilo outro, como era o sexo. Nunca. Eu casei sem saber nada. Quando fui ter meu primeiro filho também não sabia de nada, só alguma coisa que ouvia as amigas falando, mas o real, que iria se passar não. Cheguei no hospital, só fui com um sinal, sabia que o sinal era pra ganhar bebê, mas não sabia que eram contrações, não sabia nada[10']. Aí eu falei: "Meu deus, o que é que eu estou fazendo aqui?" pensei comigo, será que é assim mesmo? Não sabia de nada. Ai quando aplicaram a injeção que eu vi o que era om. Mas depois passa, é uma dor que passa. Foi normal, preferi parto normal do que Cesária, logicamente você leva os pontos, mas é bem melhor que Cesária que você leva os pontos, demora mais pra sentar, deitar, fazer exercícios, e assim é minha vida.
Pergunta:
Quantos filhos?
Resposta:
Três, três filhos. Três homens.
Pergunta:
É muita a diferença de idade?
Resposta:
Do mais velho pro do meio, quatro. Agora do do meio pro mais novo é dois. Eu não queria tomar remédio mais, mas me mandaram fazer tabelinha. Quando menos espero, a tabelinha com 30 e poucos anos. Nunca mais fiz, sempre tomei remédio. Mas tenho meus filhos, todos com saúde, maiores que a mãe. Até os netos são grandes, puxaram os pais. As noras também são grandes, então puxaram os pais, e não a vó.
Pergunta:
Quantos netos?
Resposta:
Sete. Sete netos e três bisnetos.
Pergunta:
Três bisnetos já?
Resposta:
Um de cinco, que é o Ryan, depois o Fernando que tem três, e o Gabriel que nasceu faz uns quatro meses, e tem um neto pequeninho que tem seis meses. Com saúde, e o resto a gente enfrenta tudo. Trabalhar, sustentar. Já fiz minha parte, agora que eles façam a parte deles. Estão todos casados.
Pergunta:
E a senhora comentou que foi casada durante quanto tempo?
Resposta:
Tantas perguntas, essas são tão desagradáveis, mas eu tenho que responder. Eu fui casado bem, assim, bem se nada aconteceu, quatro anos só. Porque o resto foi tudo traição. Mesmo assim quando a gente gosta, tentamos de tudo para manter o casamento, tem os filhos, então faz contornos, tudo. Só terminei legalmente quando entrei aqui. As meninas falaram "Para de ser boba, você faz de tudo, ele nunca deu um tustão." Ele nunca deu um tustão para os filhos, nem uma palavra de pai. Tanto que ele faleceu ano passado, e quando faleceu, meu deus me perdoa, mas eu dei risada, fui contar pras meninas dele e dei risada, não era coisa de rir, mas eu ri. Ai elas falaram: "Ana!" Ai eu falei que não era de mim, apenas saiu a risada. Aconteceu, lógico, antes ele do que eu, ai eu falei brincando, mas fale a verdade. Sou muito franca, honesta, tem muitas pessoas que não gostam da verdade. falo na frente das pessoas pois não gosto de ficar falando inventando. Ele nunca foi um bom pai, não é porque ele morreu que vou falar coitado. Meus filhos sempre precisaram de um pai, e nunca tiveram. Não tiveram nem uma palavra amiga, nada. Natal, ano novo, aniversário, o pai nunca compareceu. Graças a deus, não sei o que seria de mim sem ele. E também tem meus amigos, não sei o que seria de mim sem eles que me ampararam, principalmente aqui na faculdade. Muitos amigos, muitos professores, me ajudaram aqui bastante. Teve uma vez que eu tive que me mudar da casa da minha sogra, que eu morava mesmo separada por causa dos meus filhos que eram pequenos. Eu trabalhava e precisava de alguém que olhasse, então ela me ajudou bastante, meu sogro, minha mãe. Quando eu entrei aqui, eles tinham, o mais velho tinha... Ele tem 45 agora...[15'] Mais ou menos uns 14, 14 anos. O outro menos e tal, então precisava ficar com a sogra. Então chegou uma época que eu tinha só que trabalhar, ai minhas amigas mandaram eu sair e me divertir. Quando eu comecei a sair a minha sogra me expulsou da casa dela. Ai eu falei assim: "Eu saio, mas meus filhos ficam até eu arranjar uma casa." Ai eu procurei, achei uma casa e estou até hoje nela. Quando eu entrei aqui, fazia 2 anos quase que eu estava aqui, então arrumei e fiquei até hoje então.
Pergunta:
Em São Caetano mesmo?
Resposta:
Não, fica na Vila Califórnia. Mas é pertinho, uma travessa e já é a Vila Califórnia, e to até hoje ali e trabalhando aqui. Meus filhos são uma beção na minha vida. Tudo passa.
Pergunta:
E como foi essa entrada no mercado de trabalho, como a senhora teve esse primeiro contato?
Resposta:
Primeiro emprego? Primeiro serviço meu mesmo foi vendedora de Yakult. Saia vendendo na rua. Não tem aquelas meninas que saem com carrinho? Então. Fui revendedora, manicure, tudo um pouco. Só coisa boa, nada ruim. Naquela época eu tive só meu filho mais velho, meu marido trabalhava na GM mas ele foi mandado embora logo que casamos. Eu tinha 18 para 19 anos. Mas já passou. Então de vendedora de Yakult, depois manicure, depois que falei assim "Ai, acho que estou ganhando muito pouco para manter" e ele trabalhava, fez um cursinho de enfermagem e trabalhava de enfermeiro, mas não ganhava bem. Eu sempre trabalhei, sempre. Então falei pra minha tia que falou para outro, e um dia a vizinha da minha tia precisava de alguém pra fazer faxina, e eu comecei a trabalhar em um, trabalhar em outro, e assim por diante, e quando eu entrei no IMIS, eu fazia faxina para voltar aqui, então eu ia das 8h ao meio dia fazer faxina, então eu dividia os dias, ai eu vinha correndo pra cá, entrava a uma e saia as dez. muito corrido. Parei só com... fazem 7,8 anos que eu parei, mas é porque eu gosto também, e meus filhos também, na fase de crescimento, era tudo que precisava. Já limpei casa de professores, minha casa, amigos, e muita gente. Na praia também eu trabalhava de limpeza. Tinham os quitinetes. Eu limpava 2, 3 quitinetes por dia, mas de manhã eu levava as crianças na creche, e ia trabalhar, fazia limpeza, a tarde pegar as crianças na creche. Assim foi, mas emagrecer nunca.
Pergunta:
E qual foi o período que a senhora ficou em Praia Grande?
Resposta:
Um pouco antes de vir para cá, eu vim pra cá em 86, fiquei lá na praia 4 anos. 82, é, 82. Mas foi bom também.
Pergunta:
E ai depois lá na fábrica de cobertor também foi simples?
Resposta:
Não, lá você tem que (...), fazer o cobertor. Não lembro direito, mas é uma peça grande[20'], com um monte de fios que você tem que entrelaçar e bater com uma madeira para os fios ficarem todos juntos para formarem o cobertor, mas naquela época eu era nova, hoje eu tenho 65, então não lembro muito não foi só um ano que eu trabalhei também. Depois fui para Cerâmica, e la foi bem gostoso, foi uma época que eu gostei de trabalhar também. Trabalhei na área de esmaltação, então tinha a esteira, e começava pros ladrilhos, passava na máquina pra esmaltar, depois passava no forno, pra dar uma aquecida para ficar no formato, e lá no fundo ficava a moça pegando e colocando as caixas, uns pentes, colocava eles, para depois ir pro forno para sair brilhoso, mas era muito gostoso lá. Naquela época eu gostei. Trabalhei lá no começo na esteira, trabalhei encaixotando, depois trabalhei para fazer uma outra massa para colocar nos grampos, tinha que colocar uma massa de argila, então a gente tinha que amassar a argila, preparar ela pra colocar nos pentes e encaixar ela bem, mas era muito gostoso.
Pergunta:
Quanto tempo foi?
Resposta:
La eu trabalhei 3 anos, sai de lá pra casa, quando me casei pedi as contas pra fazer um enxoval, mas eu casei bem, não foi grávida.
Pergunta:
E ai depois a senhora continuou trabalhando? Então depois da cerâmica trabalhou com o que?
Resposta:
Me casei, depois logo tive meu filho, pois naquela época não podia tomar remédio, ai parei de tomar remédio e tive meu filho. Logo depois da gravidez trabalhei de ser4 vendedora da Yakult, depois virei manicure, trabalhei com faxina, e fui indo até agora
Pergunta
E a senhora trabalhou com tudo isso e logo depois veio pro IMES?
Resposta:
Depois da faxina vim para o IMES e continuei as faxinas.
Pergunta:
E como a senhora veio pra cá?
Resposta:
Uma cunhada minha ficava aqui e me ligou, falando que precisavam de uma faxineira, se eu não me importava, e eu falei não. Ganhar meu dinheiro honestamente, falei não. Ai eu vim pra cá.
Pergunta:
E a senhora lembra desse primeiro dia?
Resposta:
Nem me fale que eu ligo tanta coisa. Primeiro dia... Ai, fazer café primeiro. Fazer café pois se faltava uma das meninas tinha alguém pra fazer café pros funcionários e professores. O café primeiro. Depois foi limpar os banheiros. Ai que lindinho, meus banheiros enceradinhos, ai chegavam as alunas... sujavam tudo, deixavam papel, as que eu pegava amizade eu dava bronca, "você não tá vendo que eu acabei de limpar e você vem sujar?" e tem os alunos que eram uma benção, pagavam chocolate, as coisas pra mim, mas eu acho que pagavam para um senhor que limpava o banheiro dos homens, naquela época os alunos eram muito gente fina, não se via um palavrão, hoje em dia... cê tá passando eles tão falando. Eu falo "Moço, olha pra sua palavra" ele tá numa universidade[25']. E quando tá namorando eu falo também que não é lugar de namorar, mas sim de estudar. Tem alguns que ficam sem graça, já vão saindo, mas muitos não ligam, mas naquela época era muito mais diferente, em relação a tudo, hoje em dia a evolução era pra ser melhor e não pior, mas os alunos de hoje em dia estão piores, ai eu me pergunto: "Meu deus, esses meninos vão ser um fulano, um ciclano, um sei nada direito" porque eu não estou lá, eu me falo aqui na faculdade onde eu estou, eu olho e pergunto como vão dar aula, como vão trabalhar nesse serviço com esse vocabulário. Se você tá numa faculdade da valor ao seu dinheiro, ao dinheiro dos seus pais. Muitos trabalham, então tem que dar valor ao seu dinheiro. Muitos fazem isso, mas muitos não querem nem saber, tudo festa, mas não é assim que tem que pensar. Pensar que se estão estudando para aquele ofício então tem que ser desde o começo, se está numa universidade está para estudar e não para fazer bagunça, mas nunca é como a gente quer, né?
Pergunta:
E qual foi a primeira impressão da senhora quando chegou aqui?
Resposta:
Só tinha o prédio do meio. O resto era estacionamento, aquele barzinho, só barzinho, até lá embaixo. Eu falei "Eita" E olha que os alunos não abusavam, era só pulas a cerca e estavam em um barzinho. Quando mudou pra cá que fechou, que fechou tudo e até teve a ampliação, ai os alunos se ferraram, pois tinham de passar para o outro lado, ai teve que fechar para os alunos não passarem ali embaixo.
Pergunta:
E quando fechou o barzinho ali, como que foi.
Resposta:
Não, pelo que me lembro não teve briga não, pois quem ficava aqui ganhava bem, não teve nada que eu me recorde.
Pergunta:
Briga assim: Ah, eu quero continuar, num quero que mude...
Resposta:
Era residência, e só tinham alguns barzinhos pequenininhos, então acho que nesse sentido não, eles ganharam bem, porque se fosse talvez reclamasse, mas ganharam bem. O buraquinho que eles fizeram de bar também era pequenininho, então para uma coisa maior, até uns dois que tinham casa montaram bar do lado. Mas acho que não teve briga, apenas não gostaram muito, pois fecharam tudo. Agora demora mais para eles darem a volta, né.
Pergunta:
E a ampliação do espaço? Quando você chegou era só o Prédio B.
Resposta:
Só tinha o prédio B, o estacionamento dos carros dos professores era do lado da Goiás, era tudo grama, e tinha uma estátua. Você chegou a ver aquela estatua? Ficou deitada muito tempo ali atrás, mas era um símbolo, uma estátua muito bonita, depois era aqui, o prédio B, que era nossa universidade, depois foi ampliando, né, ai foram pra cá, biblioteca, o quiosque[30], o CIDAP é que es vezes as pessoas vem me perguntar "Onde fica o CIDAP?" ai eu penso como eu vou explicar. "você desce, segue em frente. Tem um quiosque, é ali." Depois foi aquele sobrado onde fica o negócio de concursos, depois aqui o banco, que era no prédio B. banco, secretaria, tudo no prédio B. embaixo o laboratório, ali que eram as salas da diretoria, copa, todos os departamentos, era tudo daquele lado da rua sentido prédio B com prédio D. depois que mudou pro laboratório, ai mudaram todos os departamentos lá pra baixo, todos, tudo ficava lá embaixo. A biblioteca ficava lá em cima, onde era o prédio C, que agora é a sala dos professores, ficava a biblioteca junto da livraria. A gente fala que é que nem a livraria aquele lugar no prédio D agora que tira xerox, só que naquela época não tirava xerox, tinham livros mesmo, mas assim, para comprar, pois biblioteca não tinha nada a ver com a livraria, era outra coisa. Livraria era coisa de fora, mas tinha livro, coisas que os alunos compravam, se precisavam compravam. Ficou um bom tempo e depois se desfez, aí ficou a biblioteca e foi ampliada, né.
Pergunta:
E o pessoal que trabalhava na limpeza, tinham alguma salinha, em algum lugar, os materiais, as coisas que vocês usavam.
Resposta:
Tinha, tinha até uma copinha que, sabe onde tem o negócio de (...), esportes? Ali era o negócio de fazer física, que era pequeno, tinha o banheiro dos meninos e das meninas, o Dr. Jonas na época era doutor dos funcionários e dos alunos, então é... Atrás do estádio de futebol haviam umas salinhas, que era a copa para a gente almoçar, jantar, só isso. O café era em outro lugar que fazia, ai tinha a manutenção, que era perto dali, ficava tudo ali perto, então ficava assim: nosso lugar de comer, depois para cá o negócio de fazer a ginastica, depois aqui é a manutenção, depois pra cá, onde tem o corredor entre o negócio de esportes e o prédio C ficava o Dr. João e um monte de sala, é que às vezes eu esqueço alguma coisa, mas era tudo ali, tudo pertinho um do outro, mas era gostoso, era muito gostoso.
Pergunta:
E a senhora chegou a trabalhar um pouquinho na copa também?
Resposta:
Naquela época não, só aprendi a fazer. Eu fiquei no meu serviço dos banheiros por um bom tempo, depois o que eu passei pra fazer foi a faxina nos setores de escritório. Reitoria, diretoria, departamento pessoal, secretaria técnica, esse foi depois. Depois de muitos anos que eu fui pra copa, ai sim fui cuidar dos professores, fazer café, porque ai eu servia todos os professores, fazia o café de toda faculdade, que a gora é universidade. Chegou a ser universidade depois de um bom tempo, aí dava as coisas pros professores. Lã a gente não dava comida para os professores, mas servia lanche, fazia fruta que as pessoas até hoje falam: "Ana. Mas que saudades das suas maçãs picadas." Eu falo que passa, então era tudo assim, eram muitos professores. Não era tanto que nem agora, mas tinha queijinho fresco, maçã picada[35'], mamão, vitamina, tudo coisa que se podia fazer ali, não coisa que se tinha cheiro, pois logo em seguida teve a época que a sala dos professores ficava ali e logo em seguida ficava a copa. Então eu não podia fazer fritura. Então os salgados vinham prontos, nós apenas conservávamos para ficar quentinho, mas vinham quentes. O resto era tudo na mão, tudo feito ali na hora, mas era gostoso.
Pergunta:
E a senhora se lembra mais ou menos quanto tempo ficou na limpeza? [interrupção por problema técnico]
Pergunta:
E a senhora se lembra mais ou menos quanto tempo ficou na limpeza[40']?
Resposta:
Ah, acho que uns 10 anos, mais ou menos, na limpeza, e na copa uns 7 anos.
Pergunta:
E o contrato na copa era...
Resposta:
Maravilhoso, quando tem que dar bronca eu dou, até em professor, até hoje, não é professor? No meu setor, lógico, vupt, "nossa, nem me viu aqui." Aí o professor fala " nossa, desculpa." Mas não é só ele não, muitos professores fazem isso, mas ai é preocupação, muita coisa na cabeça, ai acaba passando por mim, mas só professor que passa, mesmo assim breco, mas aluno não, sem falar comigo não passa não, porque se eu estou ali é pra representar, eu sou recepcionista, então eu tenho que avisar o aluno se ele quer falar com tal professor, por isso minha obrigação é tender os alunos, ou outra pessoa que está ali fora, avisar que tem algo aguardando, mas tem professor, que eu pego no pé. Eu pego. Então na copa era a mesma coisa. Às vezes eu levava as coisas na brincadeira. Tem professor que já faleceu, professor Flavio, aí ele é terrível, vinha na copa, passava, desligava a luz. (problemas técnicos) ele vinha desligava a luz, eu já sabia que era ele. Às vezes eu xingava ele, pois tinha amizade, falava "Professor, você é fogo, hein." e ele dava risada. Então todos os funcionários, como professor, era a mesma coisa, sem diferença, porque tratar diferente, o professor não é funcionário? Não ganha dinheiro? Ah, mas só porque o nível dele é um professor? Não, comigo não tem essa diferente. Professor e funcionário é a mesma coisa, não tem essa coisa. Se eu faço as coisas pra um e faço pra outro também. Mas às vezes os alunos falam: "Só pros professores." aí eu falo: " Você pediu pra mim? Você pediu? Se pedir eu vou fazer, a mesma coisa que eu faço pra eles eu vou fazer pra vocês." Então eu nunca fiz diferença, nada de diferença até hoje, funcionário, professor, esses funcionários da limpeza então, eu amo eles, to até aprendendo a falar a língua deles. Quando não entendo falo que vou anotar e eles me entendem. Eu acho que se tratar as pessoas bem, creio que vou ser bem tratada também, então em todos os meus setores sempre fui bem tratada, e sempre fui honesta, se der bronca dou, risada dou, brinco, mas tudo no respeito.
Pergunta:
Ai depois da copa a senhora foi direto para a reitoria?
Resposta:
Eu falei que assim, mais um passinho já estou lá na rua, mais um passinho passa. Quando nós fomos para cima eu perguntei: "Gente, onde nós estamos?" para outra pessoa, falei que mais um passo e já estávamos na rua, mas já fazem mais de 7 anos que estamos lá. Mas eu gosto dali também, eu gosto. Para mim, tendo serviço e eu podendo fazer, eu entro 12:36. Até 13h eu fico rendendo minha amiga que vai almoçar. Quando ela chega, vou na secretaria, fico até 17h, vou jantar e as 18h fico até as 22h na reitoria, pois ficar duas no meu setor não da, então para não ficar sem fazer nada eu ajudo elas.
Pergunta:
E o que a senhora faz lá?
Resposta:
Eu não sei mexer muito no computador, sou meio lenga lenga nisso. Mas o que pedir pra guardar em arquivo, algo que possa ajudar, carimbar, escrever algo, é comigo mesmo, só não deixa o computador que eu não sei, apesar que eu já aprendi[45'], teve uma aula, mas eu fico muito tensa, não consigo compreender, fico com medo de apertar, então não ficou, às vezes já cansaram de me explicar como é, mas minha cabeça já não funciona para isso. É tudo a idade, só isso que estou fazendo aqui está ótimo.
Pergunta:
A senhora esteve aqui na hora de fazer o concurso, certo?
Resposta:
Eu sou concursada. Olha, faziam 5 anos que eu trabalhava aqui, os mais velhos também, todos tiveram de prestar concurso, na hora de fazer eu fiquei muda, ainda bem que eu falei para o professor que não era prova de falar, e sim escrita. Não saiu a voz de tão nervosa que eu fiquei, ainda bem que eu passei, que senão eu tava perdida, mas foi bom, foi uma experiencia. Você tinha que contar xicara para café, e as pessoas não sei o que, e eu pensei, e agora? Por isso fiquei muda. Mas eu passei, ainda bem. E tantas mudanças... funcionários, limpeza também. Quando entrei, os guardas eram nossos funcionários, a limpeza era funcionário nosso, não era terceirizado, então várias pessoas passaram aqui, varia que na época, homem limpava o banheiro dos homens. Uma época falei que era errado. Os homens limpavam as salas de aula, pois haviam cadeiras, mas agora tem a mulher que limpa lá também. Mas acho que é muito puxado para as mulheres, mas quem precisa trabalhar não pode escolher serviço. É o que eu penso, a gente também, quando faltava, íamos ajudar, tinha que ajudar as pessoas, aliás, são amigos de trabalho, uma mão lava a outra. Era bom, pelo menos eu não tenho o que reclamar da faculdade, nada nada. Fiquei afastada 5 meses por uma cirurgia, não via a hora de voltar a trabalhar, não da pra ficar em casa, e quando voltei foi muita alegria. Não é gostoso? Se colhe coisas boas, quando voltar vão ter coisas boas para te levantar. A pessoa se preocupar com você é bom também.
Pergunta:
E quando a senhora engravidou já estava aqui, certo?
Resposta:
Não, já tinha os 3 quando entrei, fui mão cedo. Eu tive meu mais velho com 19, o do meio com 23 e o outro com 25, tudo um atrás do outro.
Pergunta:
E algum deles prestou faculdade?
Resposta:
Por incrível que pareça, nenhum. Eles começaram, o mais velho com contabilidade, mas parou. O do meio começou com comercio exterior, mas parou, o mais novo nada. Não tem cabeça, então agora tem que fazer qualquer coisa. Nunca tiveram falta de oportunidade, não fizeram porque não quiseram.
Pergunta:
E como a senhora definiria a USCS?
Resposta:
Pra mim ela representa tudo, pra mim foi tudo. Meu chão, meu ar que eu respiro, minha vida, tudo. às vezes meus filhos, pois se não fosse eles não teriam outro serviço. Graças a deus tive a oportunidade de me oferecerem, e a faculdade me aceitar[50'], então só agradeço a tudo na faculdade, meus amigos, serviço, que eu amo tudo, pois se propôs fazer serviço como um ou outro é tudo serviço, e não tem distinção. Lavar banheiro ou outra coisa é serviço, e eu me orgulho de fazer, então a faculdade pra mim até hoje é tudo. Se um dia faltar minha consciência está tranquila sobre o que eu sinto da faculdade e dos meus amigos. Esses dias atrás perdemos um amigo, também, uma pessoa muito boa, não vou esquecer o Fernandinho... desculpa, gente. Por isso eu falo, amigos e amigos, que você considera amigos nessas horas, não só quando está trabalhando, discutindo, também tem altos e baixos, suas verdades, preocupações, então o Fernandinho era pra tudo. Pra cá, pra la, era tudo bom, então tanto ele como outros professores que a gente sente falta e partiram, funcionários, mas com ele eu me apeguei mais, pois a gente sempre estava junto, na área do serviço dele, que eu não participava, mas quando ele tava na semana da (...) ele estava sempre na frente e eu sempre ajudava, e ele pedia: Posso contar com você? E eu dizia que podia. Tem coisas que queria que se apegasse mais, porem com os outros funcionários eu me dou bem, pelo menos eu pretendo, do meu jeito. Dando bronca, risada, mas do meu jeito todo mundo levou uma boa.
Pergunta:
A senhora participou da associação dos funcionários ou algo assim?
Resposta:
Sim, sou sócia desde o começo sou sócia. Como são poucos membros a gente não tem aquela quantidade de dinheiro de fazer algo melhor, mas o que faz eu me sinto bem. Só o fato de se divertir, estar com seus amigos, é bom, que agora vão ter as festas juninas, vai a família toda. Então aqui é uma aproximação, que nem no campus centro, a gente mal se vê, então quando tem uma oportunidade dessa, é uma boa de você conversar com um. Eu vou na mesa de um, de outro, porque é uma aproximação que faz entre professor e funcionário, pois muitos professores você não conhece, tanto aqui como lá, tem os professores novo que a gente não vai conhecer, então por isso é bom essa aproximação. Tem a (...) também, mas é mais para professores, é outro nível. Nós somos mais do povo mesmo, mas é gostoso cada vez que tem a aproximação, quando tem evento, a gente se diverte, sempre me divirto, e minha família sempre vai também, e quem te filhos leva, e leva amigo dos filhos, leva família junto com outras famílias[55']. Eu gosto de tudo, eu gosto de tudo.
Pergunta:
Tem alguma história marcante de todo esse tempo?
Resposta:
Tem, tem. Nunca vou esquecer. Eu limpava os banheiros, era a época de trocar os banheiros. estavam trocando, e teve nosso professor, Marco Antônio, que chamou o senhor que limpava o banheiro dos homens perguntou: "Como que está essa mudança dos papéis" ele respondeu: "Está muito ruim, os alunos estão desperdiçando muito esse novo papel, essa nova troca." E eu, na simplicidade, falei que realmente gastavam demais esses papeis que trocaram, então ele respondeu: "Por acaso eu falei com a senhora?" Se olhasse na minha cara, eu não chorei na frente dele, mas chorei depois. Falei que ninguém nunca gritou comigo desse jeito, aquele cavalo, desculpa falar, fiquei com tanta raiva dele, evitava passar perto dele, ele ia pra um lado eu ia para o outro, ele ia pra lá eu ia pra cá. Morria de medo, tinha um trauma, até hoje tenho, e olho, até hoje tenho trauma, e ele que me arranjou a cirurgia. Perdi um pouco do trauma, mas ainda tenho um pouco de medo, pois não acho que tinha necessidade de ele ter feito o que ele fez. podia ter dito: "Agora estou falando com ele, depois, qualquer coisa, pergunto para a senhora" não precisava gritar. Marcou até hoje, ainda tenho medo dele, e olha que sou uma velha, ele é um pouco mais velho, mas anda tenho medo dele. Quando ele aparece, pergunta como vai e eu respondo, mas é tudo assim no senhor e senhora por medo de levar bronca novamente, mas nessa idade ele não da mais bronca não, mas essa foi a única coisa que me marcou mais na faculdade, porque no resto não. Filho, doença, essas coisas não, mas aqui mesmo foi só com ele. E uma trombada que eu dei com um professor que achava sério, e pensei: " Nossa, esse professor tem uma cara de bravo, ele deve ser super bravo" e eu já estava lá embaixo, e nosso banheiro era, aqui a copa, pequenininha, o banheiro dos homens, das mulheres e a sala dos professores. Aí eu sai e dei uma trombada, mas uma de bater um no outro. " Ai meu deus do céu, desculpa" nem olhei no rosto dele, por medo, mas magina, ele é um amor de pessoa, não tem nada a ver com o rosto, o que ele represente. Ele é um amor, tenho amizade com ele e a esposa dele até hoje. Ele não está mais aqui na casa, mas se tivesse falaria a mesma coisa. Adoro ele, já até falei pra ele que ele tem uma cara de bravo. "É mesmo?" eu falei: "É sim" ele já sabe que eu sempre falei dele assim, mas foram as únicas coisa, que eu me lembre, foram essas coisas. A dele nem foi tanto pois foi tombada, mas a do professor Marco Antônio até hoje... e olha, tinha pra mudar o professor Moacir naquela época, pra ele, como nosso diretor. Aí nós tínhamos uma festa, e estava todo mundo sentado, e ai o professor Moacir falou pra mim "Olha só, gente. Ana, o que você acha do professor Marco Antônio como diretor?" eu olhei pra ele e respondi: "Eu não tenho a ver nada com isso não, não sou professor, não voto, não pino." " Não, eu só estou perguntando." Aí eu falei: "Por mim, não." Ai as pessoas me cutucando por baixo das pernas, e perguntaram o porquê, aí eu falei que foi por ele gritar comigo, então o Moacir falou que às vezes grita, e eu disse: " Comigo o senhor não gritou[60']. O senhor não me fez uma pergunta? Eu respondi, por mim não. Não mandou nada" aí quando foi embora, perguntaram se eu estava ficando doida, e eu falei que não, apenas tinha respondido a pergunta dele, só isso. Nunca mais fiquei sabendo de nada, ainda em, imagina se naquela época tivesse me mandado embora, não estaria aqui falando, e eu não falei nada demais também, e foi fora da faculdade. Mas nada grave, se fosse grave me chamaria, mas não. Foram as únicas coisas que eu me lembro.
Pergunta:
E a senhora se lembra de quando virou universidade?
Resposta:
Não me lembro não. Não, para mim foi ótimo, levar uma faculdade para universidade, eu achei ótimo, lógico, o crescimento da faculdade. Pra mim foi excelente. Acho que para os funcionários e professores foi ótimo também, porque os funcionários no antigo também trabalharam pra isso, também fizeram a parte deles pro crescimentos. Eu do um jeito, os professores do jeito deles, cada um na sua área, reitores e pró reitores na área deles, então pra mim, em São Caetano foi ótimo, pois aqui não tinha uma universidade ainda. Apenas faculdade. Algumas, mas universidade foi a primeira aqui, então é um orgulho, eu sendo Sul São Caetanense trabalhando numa faculdade pra universidade foi ótimo. Foi um crescimento. Pra mim foi bom. Eu penso dessa maneira. Pro crescimento da cidade, da faculdade, faculdade para universidade, o grau, de cada vez mais curso aparecendo, isso é ótimo, porque para os alunos que vão vir e irão se aperfeiçoar em outras matérias e cursos, isso é excelente.
Pergunta:
E a senhora quer deixar registrado mais alguma coisa?
Resposta:
Não, você me perguntou tudo que eu nunca falei. Do professor já falei sim, ele sabe que eu tenho medo dele, mas tudo normal. Eu sou eu.
Pergunta:
Tem alguma coisa que você quer perguntar, professor?
Professor:
Bom, a USCS está fazendo 50 anos agora em agosto, e você já faz parte da história há um bom tempo.
Resposta:
32 anos.
Professor:
São 2 perguntas. Primeiro, o que você gostaria de falar pra quem está entrando agora, que estão conhecendo a USCS agora? Que conselho você daria para um funcionário que está chegando na casa agora e não conhece a universidade, não sabe do que se trata?
Resposta:
Minha opinião: a pessoa tem que tratar bem o outro, procurar conhecer a universidade, primeiro a universidade, e conhecer as pessoas também, mas você sempre oferecer primeiro o que tem de bom para aquele que está entrando na faculdade, tanto funcionário quanto os professores, procura conversar, dialogar, falar as coisas da faculdade, se permitido, eu pelo menos tenho muita coisa para falar, e são boas. Pelo menos para minha pessoa, até o exato momento só são coisas boas. Só espero que ela aceite o que eu falo, porque é tudo verdade[65'], tudo que eu passei, que a faculdade promove, também tem jeito da pessoa entrar aqui fazendo uma coisa, e pode ser que, estudando, o cargo eleve para um que nem teve funcionários aqui. Como recepcionista que virou secretaria A ou B. então se a pessoa souber fazer, levar, e ser uma ótima funcionaria, também tem que amar o que você faz, porque se você não amar o que você faz não vai adiantar entrar e não fazer direito.
Professor:
A outra pergunta, você mesma falou que está há 32 anos aqui na USCS. Estamos aqui com vários jovens aqui, estudantes daqui da instituição. O que você sabe hoje que você gostaria que tivesse lhe dito há 32 anos atrás, que você aprendeu nesse decorrer da vida, que você queria que tivesse lá trás te falado e que você pode deixar de mensagem para todos os jovens aqui na universidade?
Resposta:
Estudar, porque eu não estudei. Não que eu não tive oportunidades na época que eu era jovem, pequena. Eu acho que depois, com o passar do tempo, eu fui me desligando, assim, de querer aprender. Mas eu acho que os jovens de hoje têm que se esforçar para aprender, ser alguém na vida. Isso é muito importante, porque hoje se você não estiver um estudo, se já tendo estudo já está difícil, imagina sem estudo. Então tem que estudar, é isso que eu falo para todos. do pré até a universidade, tem que estudar, porque sem estudo não dá.
Professor:
Muito obrigado. Eu tenho a agradecer aqui sua trajetória, tudo que você representa aqui para a USCS e por ter nos dado aqui um pouquinho do seu tempo para depor aqui nesse projeto de memória, obrigado mesmo.
Resposta:
O prazer foi meu, muito obrigado.
Lista de siglas presentes no depoimento:
USCS: Universidade Municipal de São Caetano do Sul
IMES: Instituto Municipal de Ensino Superior
CIDAP: Centro de Inclusão Digital e Aprendizagem Profissional